Exposição: Festa. Fúria. Femina. Obras da Coleção FLAD
Artistas: Aka Corleone, Alberto Carneiro, Alexandre Conefrey, Álvaro Lapa, Ana Hatherly, Ana Jotta, Ana Marchand, Ângela Ferreira, Ângelo de Sousa, António Poppe, António Sena, Bárbara Assis Pacheco, Carla Cabanas, Carlos Bunga, Cristina Massena, Dealmeida Esilva, Délio Jasse, Eduardo Batarda, Fernando Calhau, Gabriela Albergaria, Gaëtan, Graça Pereira Coutinho, Helena Almeida, Isabel Madureira Andrade, João Queiroz, Jorge Martins, Jorge Molder, Jorge Pinheiro, Jorge Queiroz, José Loureiro, José Luís Neto, José Pedro Croft, Julião Sarmento, Júlio Pomar, Luísa Correia Pereira, Luisa Cunha, Manuel Rosa, Margarida Lagarto, Mariana Gomes, Marwan Rechmaoui, Michael Biberstein, Miguel Branco, Nuno Nunes-Ferreira, Paula Rego, Paulo Brighenti, Pedro Barateiro, Pedro Cabrita Reis, Pedro Casqueiro, Pedro Portugal, Pedro Proença, Pedro Tropa, Rosa Carvalho, Rui Chafes, Rui Moreira, Rui Patacho, Rui Vasconcelos, Ruy Leitão, Sara Bichão, Sara Chang Yan, Sofia Yala, Susanne S.D. Themlitz, Vasco Araújo, Vítor Pomar, Xana, Yonamine
Local: Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas
Datas: 2022-05-20 – 2022-09-04
Curadoria: António Pinto Ribeiro e Sandra Vieira Jürgens
A exposição Festa. Fúria. Femina – Obras da coleção FLAD celebra a história e a continuidade desta coleção, evocando os três eixos expressos no título mas não encerrando as obras apresentadas em núcleos espaciais. Em cada espaço convivem trabalhos de diversos contextos e períodos, de diferentes media e naturezas estéticas, de modo a propiciar diálogos, por articulação ou tensão. Sendo este o propósito assumido, é pertinente sublinhar algumas referências aglutinadoras que nalgumas salas se tornam mais presentes.
Num vasto conjunto de obras torna-se manifesta a relação intrínseca e emblemática com a escrita, tanto em autores a trabalhar no campo do desenho como nos seus congéneres na pintura. A pulsão literária, a relação aprofundada entre o texto e a imagem, a sua investigação em termos gráficos e conceptuais, assumindo ora a sugestão de uma dança frenética de letras e palavras, ora jogos de sentido mais racionais ou informais.
Outras peças selecionadas consideram a vários títulos a representação do corpo, evocando as noções de identidade e memória e em alguns casos associando-lhes a entrega performativa e o exercício da auto-representação. Neste grupo conjugam-se sensualidade, fisicalidade, sexualidade, erotização, expressões de desejo e furor e evocações emocionais e afetivas.
O itinerário privilegia simultaneamente um conjunto significativo de obras dedicadas à representação da natureza e ao género da paisagem, em desenho, pintura e escultura, com sugestões visuais mais poéticas e contidas, ou expressões plásticas mais exuberantes.
O eclectismo desta seleção de obras da Coleção de Arte da FLAD, tanto integra exemplos de práticas artísticas de natureza mais figurativa, uma série de trabalhos de sentido manifestamente social, como obras representativas do carácter mais abstrato ou geométrico de outros projetos artísticos. O humor, a ironia e a dimensão lúdica são igualmente algumas das qualidades do conjunto de obras presentes nesta exposição, que conta com 146 obras selecionadas e constitui uma oportunidade para conhecer o trabalho de 66 artistas de várias gerações.
Sala 1
Nesta sala sentimos a presença da escrita na sua relação com as artes visuais através de um núcleo de obras de diversos períodos da história da arte portuguesa. No desenho ou na pintura, a palavra tanto pode construir uma narrativa de sentido social e histórico, como simplesmente propor um jogo lúdico e gráfico de letras, de natureza mais gestual e expressiva ou de cunho mais formal e racionalista. Procurando representar a realidade plural das expressões artísticas que fazem uso do poder da palavra, seja numa perspetiva formalista ou na pulsão social da arte, o conjunto apresentado sublinha a riqueza visual da palavra na criação e o ecletismo enquanto espaço de liberdade, complexidade e respeito pelos trajetos diversos da arte.
Sala 2
Este é um espaço que impõem uma atmosfera de serenidade, dedicado à dimensão mais enigmática da arte onde se reúne um conjunto de obras com diferentes representações do espaço e do corpo. Na sala conjugam-se geometria, fisicalidade e imaterialidade, em trabalhos com uma forte dimensão plástica e sensorial, que convidam a pensar o corpo.
Sala 3
A dimensão lúdica, a ironia e a provocação são algumas das qualidades do conjunto de obras presentes nesta sala da exposição Festa.Fúria.Femina. Por vezes prevalece a ficção, com a representação de figuras humanas e do mundo animal, que envolvem a disposição orgânica e informal dos elementos e a criação de atmosferas inquietantes e ambientes impregnados pelo insólito; outras vezes evidencia-se o interesse por práticas que expõe a paisagem como conceito, imaginário, percepção e representação, na esfera real ou imaginária. Tornando presente a força expressiva e dinâmica da gestualidade no exercício da prática artística, estes trabalhos lembram tanto as dimensões metafórica, narrativa e simbólica das construções do espaço natural, como homenageiam registos vivenciais do corpo no espaço e na paisagem, destacando-se uma idealização da simplicidade e exuberância da botânica, em harmonia com o poder transfigurador, ritual e sensível da arte.
Celas
Numa área do edifício com uma identidade arquitetónica tão forte, o espectador é desafiado a percorrer as diferentes salas e a descobrir obras em papel, pintura, fotografia, escultura e tapeçaria, instaladas ao longo dos corredores.
A visita convoca a experiência de confronto mas também de descoberta, de um espaço onde convivem obras com muitas características temáticas. Nelas encontramos obras associadas a diferentes sensibilidades, compreendendo referências fundamentais da arte abstrata, assim como da arte figurativa, pinturas de natureza mais geométrica ou com um carácter mais poético.