COSMO/POLÍTICA #1

A Sexta Parte do Mundo

Exposição: COSMO/POLÍTICA #1: A Sexta Parte do Mundo
Artistas: André Guedes, Nikolai Nekh, Maria Trabulo e Marcelo Felix
Local: Museu do Neo-Realismo
Datas: 2017-12-09 – 2018-05-13
Curadoria: Sandra Vieira Jürgens e Paula Loura Batista

O Museu do Neo-Realismo apresenta o novo ciclo expositivo de arte contemporânea formado por seis exposições coletivas que decorre de 2017 até 2020. Cada projeto, dedicado a um tema central do movimento neorrealista, convoca os artistas a estabelecer um diálogo com a coleção do Museu.

O título do ciclo – COSMO/POLÍTICA – tem origem na coleção de livros da Biblioteca Cosmos, dirigida em 1941 por Bento de Jesus Caraça, que constituiu um projeto cultural emancipatório e determinante na divulgação generalizada de conhecimentos, em múltiplas áreas do saber, no Portugal da primeira metade do século XX. O nome surge ainda associado ao conceito de cosmopolítica enquanto proposta para alargar o campo de alcance da política a outras considerações, a diferentes visões, culturas e modos de habitar o mundo. A dimensão enigmática do termo apela ao entendimento de um mundo comum, não o já existente, mas aquele que está por construir. Sem as premissas do universalismo moderno e da racionalidade cientifica, a atenção orienta-se para mundos conhecidos ou desconhecidos, alternativos e divergentes.

No âmbito do centenário da Revolução Russa (1917-2017), a primeira exposição do ciclo, A Sexta Parte do Mundo, explora situações e processos revolucionários partindo do título do filme de 1926, Chestaia tchast mira [A Sexta Parte do Mundo] de Dziga Vertov, no qual o realizador analisa os desenvolvimentos e perspetivas do evento que marcou a modernidade e mudou o curso da história social, política e cultural do século XX.

A exposição reúne projetos originais de quatro artistas – André Guedes, Marcelo Felix, Maria Trabulo e Nikolai Nekh – que interpelam, a partir do presente, o conceito e ideia de revolução sob diferentes perspetivas e âmbitos, históricos, ideológicos, económicos, ecológicos e culturais. As questões abordadas nas obras congregam a revolução, mas, também, as revoluções, em sentido lato, numa cultura global de circulação de ideias, esperanças, imagens e utopias.

Para além da exposição, o ciclo contempla uma programação complementar de atividades em torno dos conteúdos do projeto, a qual inclui conferências, conversas, visitas comentadas, leituras e workshops.

 

ANDRÉ GUEDES

Na Sala de Arte Contemporânea, a instalação “Novo Dia” de André Guedes reflete sobre o sentido de utopia e de mudança. Ela resulta de uma investigação sobre referências associadas ao acervo do museu, à história do passado e do presente e a lugares, situações e contextos reais da paisagem cultural, social e económica de Vila Franca de Xira.

Produzida especificamente para o MNR, a obra consiste numa estrutura semi-cenográfica, que se a nível formal sugere uma arquitetura imaginada com formas geométricas coloridas de feição construtivista, na realidade evoca o desenho mural do edifício da central de operações da CIMPOR em Alhandra, deslocando-o simbolicamente para o espaço expositivo. Para além desta evocação, André Guedes convoca Soeiro Pereira Gomes, autor neorrealista e também antigo funcionário da empresa, reunindo num caderno disponibilizado ao público textos por ele produzidos na clandestinidade. Durante o período da exposição, esta obra será ativada em momentos de leitura partilhada desses mesmos textos por pessoas naturais ou residentes na região. Nesse sentido, tanto o caderno como as leituras revelam a dimensão performativa da peça, funcionando como dispositivos para tornar presentes a palavra escrita e dita, dando uma outra forma de uso, conhecimento e circulação aos registos documentais.

NIKOLAI NEKH

Se neste primeiro núcleo da exposição André Guedes situa a sua intervenção numa abordagem ao contexto local, já Nikolai Nekh direciona para questões globais a sua reflexão sobre o filme A Sexta Parte do Mundo de Dziga Vertov (1926), apresentando um conjunto de fotografias que evoca simultaneamente relações históricas entre o Homem e a Natureza e problemáticas relacionadas com a história e influência da União Soviética, outrora designada como a “sexta parte do mundo”.

Com recurso a composição de objetos e imagens da revista National Geographic das décadas de 1980-90, a obra alude a problemas regionais e globais latentes, das catástrofes nucleares às alterações climáticas. Encontramos referências ao Mar de Aral, no Uzbequistão, que se transformou num deserto devido à monocultura do algodão, à cidade de Pripyat, no norte da Ucrânia, evacuada após o acidente nuclear em Tchernobil ou à ligação da Etiópia à União Soviética, através da imagem de uma mulher africana com um view master, publicada no artigo da National Geographic, “Ethiopia: Revolution in an Ancient Empire”, em Maio de 1983. Do conjunto, podemos ainda destacar a obra em que a tipografia e o título do cartaz do filme Outubro (1928), de Serguei Eisenstein e Grigori Aleksandrov, surgem aplicados a um frasco de perfume da marca Lacoste.

MARIA TRABULO

A artista apresenta duas obras na exposição, relacionadas com as possibilidades de esquecimento e memória. Na Sala de Literatura expõe–se On what we wish to remember and what we long to forget [Sobre o que desejamos recordar e o que ansiamos esquecer](2017), instalação vídeo formada por duas projeções que constituem ensaios narrativos sobre o desejo do homem na perpetuação de memórias, mediante a realização de um retrato concebido a partir da memória de um soldado e da representação de processos de criação e extração escultórica.

Em Truce. White can always be painted over [Trégua, o branco pode sempre ser pintado por cima](2017), peça instalada na entrada do museu, uma bandeira branca, sem qualquer inscrição, remete para a universalidade dos ideais e ativa as projeções mentais do espectador sobre a potencialidade política do objeto e o possível conteúdo deste. Em diálogo indireto com esta peça de Maria Trabulo, a exposição inclui na Sala de Literatura a pintura Manifestação (1975) do artista Rui Filipe, obra onde o ideal comum inspira uma multidão unida.

MARCELO FELIX

A memória do que podia ter sido a Revolução de Outubro atravessa Nas Latitudes do Futuro (2017), filme com que Marcelo Felix evoca a atmosfera a um tempo apreensiva e entusiástica que rodeou os primeiros tempos da nova era. Para muitos dos seus apoiantes, a Revolução foi o tempo de todas as esperanças que, antes de se consumirem nas contradições que as alimentavam, puderam inspirar um corpo de ideias e obras cuja ousadia não cessa de repercutir e desafiar a nossa percepção lacunar da História.

A transformação acelerada que a Revolução imprimiu à sociedade é também o produto da íntima fragilidade dos seus protagonistas, motivados para um sonho maior que a vida, mas incapazes de o proteger contra a sua voragem autodestrutiva. Nas Latitudes do Futuro é a conclusão do poema A Ilha, onde Marina Tsvetaieva descreve a utopia em estado virgem, distante mas talvez possível. O filme, mostrado na Sala de Literatura, relembra os sonhos perdidos dos homens e mulheres que diariamente responderam ao apelo criativo da Revolução, e é também uma reflexão sobre o impulso de mudança e os seus limites, num mundo de questões cíclicas, sempre adiadas, sempre por resolver.

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