Exposição: Festa. Fúria. Femina. Obras da Coleção FLAD
Artistas: Alberto Carneiro, Álvaro Lapa, Ana Hatherly, Ana Jotta, Ana Marchand, Ana Romãozinho, Ângela Ferreira, Ângelo de Sousa, António Areal, António Palolo, António Poppe, António Sena, Bárbara Assis Pacheco, Carla Cabanas, Dealmeida Esilva, Eduardo Batarda, Fernando Calhau, Gaëtan, Graça Morais, Helena Almeida, João Onofre, João Queiroz, Joaquim Bravo, Jorge Martins, Jorge Molder, Jorge Pinheiro, Jorge Queiroz, José Escada, José Loureiro, José Luís Neto, José Pedro Croft, Julião Sarmento, Júlio Pomar, Lourdes Castro, Luísa Correia Pereira, Manuel João Vieira, Manuel Rosa, Margarida Lagarto, Menez, Michael Biberstein, Miguel Branco, Nuno Nunes-Ferreira, Paula Rego, Paulo Brighenti, Pedro Cabrita Reis, Pedro Calapez, Pedro Casqueiro, Pedro Portugal, Pedro Proença, Pedro Sousa Vieira, Rosa Carvalho, Rui Chafes, Rui Moreira, Rui Patacho, Rui Sanches, Rui Vasconcelos, Ruy Leitão, Sara Bichão, Sara Chang Yan, Vítor Pomar, Xana, Yonamine.
Local: MAAT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia
Datas: 2020-09-22 – 2021-01-25
Curadoria: António Pinto Ribeiro e Sandra Vieira Jürgens
Em 1986, poucos meses depois da criação da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, iniciaram-se as primeiras aquisições de obras de arte daquela que viria a ser a Coleção de Arte da FLAD. Isto acontecia pouco mais de uma década passada sobre a revolução democrática de 1974 e no contexto de adesão de Portugal à CEE, o que teve implicações imediatas na circulação europeia de pessoas e bens, e num inédito fluxo de informações culturais que lentamente transformariam a cena artística portuguesa abrindo um horizonte de expectativas para os artistas portugueses.
Manuel Castro Caldas, posteriormente coadjuvado por Manuel Costa Cabral e por Rui Sanches, iniciou esta coleção e reuniu um conjunto relevante de 765 obras até 2003, ano em que foram interrompidas as aquisições, e assim se manteve até meados de 2019.
Com o retomar das aquisições de obras, e considerando as muitas mutações do meio cultural e das artes em Portugal, pretendeu-se recuperar o conceito de coleção delineado por Manuel Castro Caldas, tendo em atenção as diferenças relevantes da paisagem cultural e da própria produção artística, bem como a dimensão feminina e as obras de artistas que representam a alteração da composição multicultural do país.
A exposição Festa. Fúria. Femina – Obras da coleção FLAD celebra a história e a continuidade desta coleção, evocando os três eixos expressos no título mas não encerrando as obras apresentadas em núcleos espaciais. Em cada espaço convivem trabalhos de diversos contextos e períodos, de diferentes media e naturezas estéticas, de modo a propiciar diálogos, por articulação ou tensão. Sendo este o propósito assumido, é pertinente sublinhar algumas referências aglutinadoras que nalgumas salas se tornam mais presentes.
Num vasto conjunto de obras torna-se manifesta a relação intrínseca e emblemática com a escrita, tanto em autores a trabalhar no campo do desenho como nos seus congéneres na pintura. A pulsão literária, a relação aprofundada entre o texto e a imagem, a sua investigação em termos gráficos e conceptuais, assumindo ora a sugestão de uma dança frenética de letras e palavras, ora jogos de sentido mais racionais ou informais.
Outras peças selecionadas consideram a vários títulos a representação do corpo, evocando as noções de identidade e memória e em alguns casos associando-lhes a entrega performativa e o exercício da auto-representação. Neste grupo conjugam-se sensualidade, fisicalidade, sexualidade, erotização, expressões de desejo e furor e evocações emocionais e afetivas.
O itinerário privilegia simultaneamente um conjunto significativo de obras dedicadas à representação da natureza e ao género da paisagem, em desenho, pintura e escultura, com sugestões visuais mais poéticas e contidas, ou expressões plásticas mais exuberantes.
O eclectismo desta seleção de obras da Coleção de Arte da FLAD, tanto integra exemplos de práticas artísticas de natureza mais figurativa, uma série de trabalhos de sentido manifestamente social, como obras representativas do carácter mais abstrato ou geométrico de outros projetos artísticos. O humor, a ironia e a dimensão lúdica são igualmente algumas das qualidades do conjunto de obras presentes nesta exposição, que conta com 228 obras selecionadas e constitui uma oportunidade para conhecer o trabalho de 61 artistas portugueses de várias gerações.