Bettina Funcke: Entrevista

100 Notes -100 Thoughts / dOCUMENTA (13)

Entrevista a Bettina Funcke, editora de 100 NOTES – 100 THOUGHTS / dOCUMENTA (13), publicada na Artecapital em Setembro de 2011.

A dimensão escrita do pensamento é o mote principal da iniciativa editorial 100 Notes–100 Thoughts, composta por uma série de publicações com uma importância fundamental para o processo de formação da dOCUMENTA (13). Integrando um grande círculo de pensadores e autores de diferentes disciplinas – a arte, as ciências naturais, a filosofia e a psicologia, a antropologia, a economia e as ciências políticas, os estudos literários e linguísticos, assim como a poesia – reúne fac-similes de cadernos de notas, ensaios encomendados, colaborações e conversas que estão a ser lançados previamente à exposição.
Nesta entrevista, concedida por e-mail, a 29 de Agosto, a coordenadora editorial de 100 Notes–100 Thoughts, Bettina Funcke, responde a perguntas sobre o projecto e explica-nos resumidamente o espírito desta plataforma que sucede à iniciativa documenta 12 magazines, lançada na anterior edição da Documenta.
Escritora e editora, Bettina Funcke é responsável pelo departamento editorial da dOCUMENTA (13). É autora do livro Pop or Populus: Art between High and Low e de artigos e ensaios publicados em revistas como a Afterall, Artforum, Bookforum, Parkett, Public e Texte zur Kunst. Na área editorial trabalhou para a Dia Art Foundation (1999–2007), foi editora sénior da delegação nova-iorquina da Parkett, bem como co-fundadora da The Leopard Press e de Continuous Project.

Como surge o projecto 100 Notes – 100 Thoughts?

Há dois anos, a Carolyn Christov-Bakargiev e a Chus Martínez tiveram a ideia de integrar um grande círculo de pensadores radicais, provenientes de diferentes áreas e de diferentes contextos geográficos, no processo de formação da dOCUMENTA (13), de modo a criar uma importante plataforma pública para os pensadores, a qual existirá paralelamente às plataformas públicas para os artistas. Entusiasmou-nos a ideia de publicar a série de cadernos ao longo dos 18 meses que antecedem a abertura da exposição em Kassel, em Junho de 2012, permitindo que o público possa conhecer antecipadamente o desenvolvimento das ideias da dOCUMENTA (13). Os cadernos permitem estender a presença da exposição para lá do espaço e do tempo de permanência da exposição em Kassel, factor que é fundamental para a abordagem da Carolyn Christov-Bakargiev.

Em termos gerais, como definiria as linhas desta edição?

A ambição é grande, embora também seja importante que a edição dos cadernos seja modesta, já que é esse o espírito do projecto. Em geral, existe a necessidade de desenvolver uma nova metodologia, que também é extensível à forma como falamos de arte e ao porquê de olharmos para arte – a série afirma que temos de ir além da arte para chegar ao cerne da arte, ou seja, para abordar algumas das questões mais amplas que hoje enfrentamos. Nós convidamos os autores e os artistas a partilhar o seu pensamento enquanto processo; não queremos verdades absolutas ou teses completamente desenvolvidas. Queremos poder testemunhar como o pensamento surge, como há liberdade nesse processo, como é confuso e poético, e nunca definitivo.

Porquê publicar uma série de cadernos de apontamentos?

Os cadernos de apontamentos são o formato certo para expressar esta sensibilidade. Constituem uma forma aberta, íntima, introdutória, permitem desenhar, escrever, e prestam-se a um pensamento diagramático.

Quais foram os critérios seguidos na escolha das colaborações, na selecção dos textos e dos ensaios encomendados aos autores?

Nós convidámos os autores a escrever ensaios e a ilustrá-los se assim o desejassem e convidámos os artistas a fazer o que quisessem dentro dos limites da página impressa e do orçamento disponível, o que em geral foi trabalhar ou reagir a textos à sua escolha, e convidámos estudiosos e artistas a partilhar cadernos de apontamentos já existentes com pequenos prefácios que contextualizassem o material reproduzido.

Todas as colaborações e contributos têm influenciado o pensamento da directora artística, Carolyn Christov-Bakargiev, no seu percurso para a dOCUMENTA (13). As várias disciplinas e linhas de pensamento exprimem-se de maneira própria e interagem em diferentes formatos e linguagens, e essa é a ideia central da dOCUMENTA (13). Os temas e escolas de pensamento abrangem as ciências e tecnologias de ponta, como a física quântica, e as suas alianças com as mais antigas tradições, com a ecologia, a poesia, a história local. O arquivo e o livro de artista, o colapso e a recuperação todos convergem aqui.

Na apresentação do projecto vem referido que se trata de “publicar o impublicável e de apresentar um espaço de intimidade e não de crítica”. Qual é a sua opinião sobre o actual papel e os modelos da crítica de arte?

Para dizê-lo em poucas palavras: há uma crise. E há enorme quantidade de publicações de textos sobre arte. E há muita arte para ver. E não sabemos o que fazer com tudo isso. E é também assim que deve ser: fazer-nos hesitar, parar, pensar de novo, e não saber. É difícil escapar ao efeito da gíria dos críticos. Há, é claro, o valioso texto monográfico que partilha informações relevantes sobre as origens de artistas específicos, e as suas formas de trabalhar, que são o resultado de uma longa pesquisa e, possivelmente, de uma relação de longa data estabelecida entre o artista e o autor. Mas precisamos de especialistas, mas também de especialistas de diferentes áreas, que possam trazer o seu conhecimento aos objectos mudos e relacionar a arte com a situação presente, para nos ajudar a formular as questões relevantes que estamos a enfrentar historicamente e até talvez dar respostas a estas perguntas para sabermos como continuar a partir daqui. E para tornar esses pensamentos acessíveis e não muito especializados, os cadernos de apontamentos podem ser uma forma útil: os apontamentos estão ainda suficientemente perto de um impulso, não inteiramente formado, que às vezes pode assumir um significado universal, ou um potencial poético. É também um momento frágil de escrita ou de desenho podendo assim parecer impublicável, e raramente é crítico.

 

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